sexta-feira, 28 de outubro de 2011

28/10 - Aniversário do Metrô de Nova York


Nova York tem dois andares. E o turista que nunca se aventurou no metrô certamente perdeu metade dela. É ali que se vê a máquina que move a cidade, a mistura de nacionalidades, o violonista, o flautista, o mendigo e a madame. O metrô é às vezes sujo, outras barulhento, mas sempre apaixonante. E assim é desde 28 de outubro de 1904, dia de sua inauguração.
Na época, mais da metade dos então 3,4 milhões de habitantes da cidade de Nova York se aglomerava no sul da ilha de Manhattan. A cidade era movida por bondes e charretes, que não chegavam às regiões mais remotas. Londres e Paris já tinham suas linhas de metrô quando, em 1900, Nova York assinou o contrato com a construtora particular Interborough Transit Company (IRT, hoje MTA, ou Metropolitan Transportation Authorithy). Liderada por um judeu alemão, August Belmont, o homem mais rico da cidade, a IRT empregou 7700 trabalhadores, a maior parte imigrantes irlandeses e italianos. Salário: 2 dólares por dia. O método de construção tinha nome: “cortar e cobrir”. Além de esburacar mais de 32 quilômetros das ruas da cidade, colocar os trilhos, construir escadas, paredes e tetos, o projeto – que em tamanho só competia com o Canal do Panamá – ainda foi considerado audacioso por outro motivo: fazer tudo isso em apenas quatro anos e meio (a obra do Panamá durou dez).
Ao contrário dos sistemas já existentes em Paris e Londres, o metrô nova-iorquino tinha linhas expressas – que rasgavam a cidade em poucos minutos, em vez do pinga-pinga das linhas que param em todas as estações. Tudo isso pela taxa única de 5 centavos por viagem (hoje sai por 2 dólares), independentemente da distância percorrida. O preço ficou estagnado até 1948, quando dobrou para 10 centavos – mesmo com os custos elevados de manutenção do sistema, os políticos não ousavam aumentar a passagem para não perder votos. Em 1953, introduziu-se o token, moeda furada no meio que valia como tíquete para o metrô. Foi abolida somente no ano passado, quando passou a valer somente o Metrocard, cartão magnético introduzido em 1997.
A primeira viagem foi conduzida pelo então prefeito George McClellan. No evento de abertura, no qual homens aglomeravam-se de fraque para ver a novidade, McClellan empolgou-se acelerando o trem da estação do City Hall (abaixo da prefeitura da cidade) até a rua 145, no norte da ilha de Manhattan. Só no primeiro dia, 150 mil curiosos percorreram a cidade nos novos vagões – os trens chegavam a cada 3 minutos numa velocidade de 72 km/h. Em 1905, o metrô já fazia 1 bilhão de viagens por ano. Graças aos trilhos, as populações do Bronx e do Queens, que em 1900 eram de 201 mil e 153 mil, respectivamente, incharam para 1 milhão cada em 1930. Cenário de piadas, crimes, artistas amadores, filmes e literatura, Nova York seria, simplesmente, impossível sem seu metrô.

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