terça-feira, 6 de novembro de 2012

Diário do Viajante – especial Volta ao Mundo


A viagem de volta do mundo do casal Ivan Marques e Gabriela Gambi, com previsão de dez meses, começou pela África do Sul. Vamos saber mais desse país com as dicas que os dois mandaram com exclusividade para o blog da Friends.

 Olá amigos da Friends in the World,

Molo, unjani?* Bem vindos à África do Sul!

Já com vinte dias de aventura, podemos dizer que nossa viagem não poderia ter começado de maneira melhor: um país cheio de belezas naturais e cultura, muita estrutura a oferecer ao viajante e o inglês como língua oficial, o que assusta bem menos que as outras tantas línguas faladas nesse país (e no resto do continente), como o africaan, zulu, xhosa etc. Para aqueles que tem vontade de atravessar o Atlântico, o país é uma excelente porta de entrada ao continente.

Com pouco mais de dezesseis dias para conhecer um país que é do tamanho da França e da Espanha juntas, tivemos que escolher alguns lugares que mais nos interessavam e cabiam no nosso orçamento. De cara decidimos que não iríamos à nenhuma reserva para fazer safari por aqui, uma vez que obrigatoriamente teríamos esse programa incluído na Tanzânia e no Quênia. Essa escolha permitiu que nos dedicássemos a uma parte pouco explorada da África do Sul e que definitivamente vale a pena conhecer.

Começamos pela parada obrigatória no país: Cape Town. Muito comparada ao Rio de Janeiro por suas belezas naturais, a cidade realmente não faz feio. Localizada em uma baía e tendo seu centro localizado entre o mar e a imponente Table Mountain, Cape Town é um lugar relaxado e divertido ao mesmo tempo, que oferece restaurantes sofisticados e cultura única, influência dos imigrantes muçulmanos que trouxeram à cidade novas cores, sabores e o estilo que ficou conhecido como Cape-Malay. Não deixem de experimentar o Boboute, comida típica dessa cultura.

Os 8 programas imperdíveis na cidade são: 1)Table Mountain (cuidado com o tempo, pode virar a qualquer momento e você acaba sem poder subir); 2)Bo Kaap, bairro Cape-Malay com casas coloridas e boas opções de restaurantes tradicionais (e baratos!); 3) uma cerveja em um dos pubs da Long Street, maior concentração de jovens mochileiros por metro quadrado, também lugar das baladas da cidade; 4) V&A Waterfront, parte reconstruída do porto que oferece restaurantes mais sofisticados, um shopping center e é de onde sai o barco para: 5) Robben Island, ilha onde se localizava a prisão de segurança máxima sul africana, hoje desativada, e que deteve prisioneiros políticos na época do Apartheid, entre eles Nelson Mandela; 6) Cape Point, é como as agências de turismo chamam o passeio que te leva à Boulder’s Beach para conhecer pinguins e depois ao Cabo da Boa Esperança (quem lembra dos Lusíadas ou das aulas de história?); 7) Praia de Camp Bay, em dias bonitos e pela badalação – queremos ver ter coragem de entrar na água gelada!; 8) Por do sol no Chapman’s Peak.
 
De lá seguimos pela Garden Route, um roteiro que segue a estrada costeira rumo à Port Elizabeth, e que passa por charmosas e pequenas cidades litorâneas onde se desfruta das especialidades de cada uma.

Em Hermanus, logo saindo de Cape Town, entre julho e novembro é o melhor ponto para se ver as baleias francas (da praia mesmo!) ou mergulhar com o temível tubarão branco. Em Knysna, hospede-se em uma casa vitoriana e experimente a melhor cerveja sul-africana que é feita artesanalmente ali: Mitchel’s. Visitando Plettenburg Bay, curta a praia, faça um safari marítimo ou ande de caiaque com golfinhos. Para quem gosta de montanha, pare em Stormsriver no Parque Nacional de Tsitsikama e desfrute as trilhas curtas pela reserva ou aventure-se na caminhada de 5 dias pela Otter Trail.

Vale dizer que o transporte público entre uma cidadezinha e outra é bem complicado, então o melhor a fazer é enfrentar o medo de dirigir na mão inglesa e aproveitar todas as paradas.

Da Garden Route, já em Port Elizabeth, pegamos uma longa estrada até outra província sul-africana que queríamos visitar: Kwa Zulu Natal. Lar dos famosos Zulus, do rei Shaka e do atual presidente Jacob Zuma, é de onde vem a nossa imagem dos nativos do país, tanto explorada pelos filmes de antigos safaris. Foi aqui também que foram travadas as guerras entre zulus, Boers (holandeses) e ingleses.

Apesar de todas essas atrações históricas, o que queríamos realmente conhecer era a cadeia de montanhas que se estende desde o sul de Moçambique e ganha magnitude no meio desta província, a chamada Drakensberg, ou montanha do dragão. Ali é possível fazer trilhas incríveis pelas montanhas e até aproveitar para conhecer outro país, o pequeno reino de Lesotho (brasileiros precisam de visto). Se só a beleza das montanhas não for suficiente, essa região concentra a maior quantidade de arte rupestre do país. É interessante observar os desenhos nas paredes das cavernas e perceber que os nativos (chamados por aqui de bushmen) desenharam a chegada de homens brancos e suas armas e cavalos. Vale a pena!

Outra experiência interessante foi pegar o trem que partiu de Durban com destino a Johannesburg. Foram 11 horas de viagem em uma cabine com camas, pia e mesa, com direito à vagão restaurante e tudo! Dá pra dormir tranquilo no chacoalhar do trem e economizar uma noite de hotel.

 
Johannesburg, nosso último destino no país, pode parecer uma cidade muito intimidadora. Seu centro decadente e perigoso espanta qualquer possibilidade de turismo. No entanto, são nos seus subúrbios que a cidade apresenta opções interessantes que podem fazer da cidade mais que um ponto de chegada e partida.

Ficamos em um bairro descolado chamado Melville, onde se localiza a 7th Street, uma rua cheia de lojinhas de artesanato, restaurantes e bares. É onde esta a universidade da cidade também. É uma boa dica de hospedagem honesta. Os bairros vizinhos Sandton e Rosebank já encarecem o orçamento do viajante, mas é onde Johannesburg mais se ocidentaliza e mostra sua face europeia, com muitos shoppings e marcas mundialmente famosas.

Dá pra fazer muita coisa na cidade: assistir a um jogo de futebol (o clássico Palmeiras e Corinthians aqui é o Orlando Pirates x Kaizer Chiefs), cricket ou rugbi; fazer a tradicional visita guiada a Soweto, favela que foi berço da revolução anti-apartheid; visitar berçários de animais selvagens como leão, Cheeta, tigre e girafas e; o nosso preferido, o museu do Apartheid, onde se entende um pouco mais da história recente do país.

Sem dúvida nenhuma daria pra ficar mais tempo, mas a nossa viagem tem ainda muito mais a oferecer. Seguimos para Moçambique, em busca de nossos irmãos de língua portuguesa, praias belíssimas no oceano Índico e um dos melhores pontos de mergulho na África.

Continuem nos acompanhando!

Para informações mais detalhadas e para conversar conosco (quando a internet africana deixar...) acesse www.esefossemospara.org.

Grande abraço,

Ivan & Gabi

*Pra quem ficou curioso, essa é a saudação Xhosa (diz-se Co-ssa, com um estalo no fundo da boca quando se pronuncia o “C”), tipo um “oi, tudo bem?”.


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