A viagem de volta do
mundo do casal Ivan Marques e Gabriela Gambi, com previsão de dez meses,
começou pela África do Sul. Vamos saber mais desse país com as dicas que os
dois mandaram com exclusividade para o blog da Friends.
Molo, unjani?* Bem
vindos à África do Sul!
Já com vinte dias de
aventura, podemos dizer que nossa viagem não poderia ter começado de maneira
melhor: um país cheio de belezas naturais e cultura, muita estrutura a oferecer
ao viajante e o inglês como língua oficial, o que assusta bem menos que as outras
tantas línguas faladas nesse país (e no resto do continente), como o africaan,
zulu, xhosa etc. Para aqueles que tem vontade de atravessar o Atlântico, o país
é uma excelente porta de entrada ao continente.
Com pouco mais de
dezesseis dias para conhecer um país que é do tamanho da França e da Espanha
juntas, tivemos que escolher alguns lugares que mais nos interessavam e cabiam
no nosso orçamento. De cara decidimos que não iríamos à nenhuma reserva para
fazer safari por aqui, uma vez que obrigatoriamente teríamos esse programa
incluído na Tanzânia e no Quênia. Essa escolha permitiu que nos dedicássemos a
uma parte pouco explorada da África do Sul e que definitivamente vale a pena
conhecer.
Começamos pela parada
obrigatória no país: Cape Town. Muito comparada ao Rio de Janeiro por suas
belezas naturais, a cidade realmente não faz feio. Localizada em uma baía e
tendo seu centro localizado entre o mar e a imponente Table Mountain, Cape Town
é um lugar relaxado e divertido ao mesmo tempo, que oferece restaurantes
sofisticados e cultura única, influência dos imigrantes muçulmanos que
trouxeram à cidade novas cores, sabores e o estilo que ficou conhecido como Cape-Malay. Não deixem de experimentar o
Boboute, comida típica dessa cultura.
Os 8 programas imperdíveis
na cidade são: 1)Table Mountain (cuidado com o tempo, pode virar a qualquer
momento e você acaba sem poder subir); 2)Bo Kaap, bairro Cape-Malay com casas
coloridas e boas opções de restaurantes tradicionais (e baratos!); 3) uma
cerveja em um dos pubs da Long Street, maior concentração de jovens mochileiros
por metro quadrado, também lugar das baladas da cidade; 4) V&A Waterfront,
parte reconstruída do porto que oferece restaurantes mais sofisticados, um
shopping center e é de onde sai o barco para: 5) Robben Island, ilha onde se
localizava a prisão de segurança máxima sul africana, hoje desativada, e que
deteve prisioneiros políticos na época do Apartheid, entre eles Nelson Mandela;
6) Cape Point, é como as agências de turismo chamam o passeio que te leva à
Boulder’s Beach para conhecer pinguins e depois ao Cabo da Boa Esperança (quem
lembra dos Lusíadas ou das aulas de história?); 7) Praia de Camp Bay, em dias
bonitos e pela badalação – queremos ver ter coragem de entrar na água gelada!;
8) Por do sol no Chapman’s Peak.
De lá seguimos pela Garden Route, um roteiro que segue a
estrada costeira rumo à Port Elizabeth, e que passa por charmosas e pequenas
cidades litorâneas onde se desfruta das especialidades de cada uma.
Em Hermanus, logo
saindo de Cape Town, entre julho e novembro é o melhor ponto para se ver as
baleias francas (da praia mesmo!) ou mergulhar com o temível tubarão branco. Em
Knysna, hospede-se em uma casa vitoriana e experimente a melhor cerveja
sul-africana que é feita artesanalmente ali: Mitchel’s. Visitando Plettenburg
Bay, curta a praia, faça um safari marítimo ou ande de caiaque com golfinhos.
Para quem gosta de montanha, pare em Stormsriver no Parque Nacional de
Tsitsikama e desfrute as trilhas curtas pela reserva ou aventure-se na caminhada
de 5 dias pela Otter Trail.
Vale dizer que o
transporte público entre uma cidadezinha e outra é bem complicado, então o
melhor a fazer é enfrentar o medo de dirigir na mão inglesa e aproveitar todas
as paradas.
Da Garden Route, já
em Port Elizabeth, pegamos uma longa estrada até outra província sul-africana
que queríamos visitar: Kwa Zulu Natal. Lar dos famosos Zulus, do rei Shaka e do
atual presidente Jacob Zuma, é de onde vem a nossa imagem dos nativos do país,
tanto explorada pelos filmes de antigos safaris. Foi aqui também que foram
travadas as guerras entre zulus, Boers (holandeses) e ingleses.
Apesar de todas essas
atrações históricas, o que queríamos realmente conhecer era a cadeia de
montanhas que se estende desde o sul de Moçambique e ganha magnitude no meio
desta província, a chamada Drakensberg, ou montanha do dragão. Ali é possível
fazer trilhas incríveis pelas montanhas e até aproveitar para conhecer outro
país, o pequeno reino de Lesotho (brasileiros precisam de visto). Se só a beleza
das montanhas não for suficiente, essa região concentra a maior quantidade de
arte rupestre do país. É interessante observar os desenhos nas paredes das
cavernas e perceber que os nativos (chamados por aqui de bushmen) desenharam a chegada de homens brancos e suas armas e
cavalos. Vale a pena!
Outra experiência
interessante foi pegar o trem que partiu de Durban com destino a Johannesburg.
Foram 11 horas de viagem em uma cabine com camas, pia e mesa, com direito à
vagão restaurante e tudo! Dá pra dormir tranquilo no chacoalhar do trem e
economizar uma noite de hotel.
Johannesburg, nosso
último destino no país, pode parecer uma cidade muito intimidadora. Seu centro
decadente e perigoso espanta qualquer possibilidade de turismo. No entanto, são
nos seus subúrbios que a cidade apresenta opções interessantes que podem fazer
da cidade mais que um ponto de chegada e partida.
Ficamos em um bairro
descolado chamado Melville, onde se localiza a 7th Street, uma rua cheia de
lojinhas de artesanato, restaurantes e bares. É onde esta a universidade da
cidade também. É uma boa dica de hospedagem honesta. Os bairros vizinhos
Sandton e Rosebank já encarecem o orçamento do viajante, mas é onde
Johannesburg mais se ocidentaliza e mostra sua face europeia, com muitos shoppings
e marcas mundialmente famosas.
Dá pra fazer muita
coisa na cidade: assistir a um jogo de futebol (o clássico Palmeiras e
Corinthians aqui é o Orlando Pirates x Kaizer Chiefs), cricket ou rugbi; fazer
a tradicional visita guiada a Soweto, favela que foi berço da revolução
anti-apartheid; visitar berçários de animais selvagens como leão, Cheeta, tigre
e girafas e; o nosso preferido, o museu do Apartheid, onde se entende um pouco
mais da história recente do país.
Sem dúvida nenhuma
daria pra ficar mais tempo, mas a nossa viagem tem ainda muito mais a oferecer.
Seguimos para Moçambique, em busca de nossos irmãos de língua portuguesa,
praias belíssimas no oceano Índico e um dos melhores pontos de mergulho na
África.
Continuem nos
acompanhando!
Para informações mais
detalhadas e para conversar conosco (quando a internet africana deixar...)
acesse www.esefossemospara.org.
Grande abraço,
Ivan & Gabi
*Pra quem ficou
curioso, essa é a saudação Xhosa (diz-se Co-ssa, com um estalo no fundo da boca
quando se pronuncia o “C”), tipo um “oi, tudo bem?”.
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