A viagem de volta do mundo do casal
Ivan Marques e Gabriela Gambi, com previsão de dez meses, começou pela África
do Sul e a primeira parada foi Cape Town, a capital legislativa do país. Ainda
em clima de lua de mel, os recém-casados escolheram uma pousada agradável na
cidade que muita vezes é comparada ao Rio de Janeiro por conta do clima de
descontração e a simpatia do povo.
Com muita caminhada para explorar os
principais atrativos da cidade, uma das paradas foi a Table Montain, que
reserva uma “vista absolutamente magnífica e é onde acontece um dos fenômenos
mais bonitos da natureza: uma cascata de nuvens que escorrem pelo topo da
montanha até cobrir parte da cidade e do mar”, segundo Ivan.
Outro momento especial foi o passeio
pelo Robben Island. A intensidade da
ilha, pela sua história no apartheid e pela memória das lideranças políticas. “As
celas ficam ainda menores quando são colocadas em perspectiva pelo tempo de
carceragem, pela "cama" de cobertor no chão duro e pelas cartas
escritas à mão para as famílias”, relata Ivan no blog http://www.esefossemospara.org/
sobre o impacto gerado pelo lugar.
Mas, capítulo à parte, o vento foi
presença constante nesse primeiro destino. Implacável, o fenômeno é uma constante
no dia a dia da cidade. Outra dificuldade foi a de entender o trânsito, que
segundo o casal, por ser de “mão inglesa” acaba sendo meio caótico para quem
não está acostumado.
Com um roteiro extenso a cumprir nos
próximos meses, os dois viajantes seguiram para Knysna (que pronuncia-se
náisna). Cidade acolhedora, onde os habitantes param o carro no meio da rua pra
conversar. Já em Western Cape, surpreenderam-se com o fato de brancos e negros
falarem o afrikaan (tipo um holandês-africanizado) no dia a dia. O inglês, fica
restrito à língua burocrática e de comunicação com os turistas.
Lá, alugaram bicicletas e foram
pedalar pelas principais atrações da cidade, uma rota que vai beirando o mar
até um estreito chamado The Heads. Lugar de paisagens muito bonitas e com
mirantes para belas fotos. Sem os perigos de dirigir um veículo na tal “mão
inglesa”, a experiência pilotando as bicicletas também não foi das mais fáceis:
fizeram uma rotatória pela contramão e atravessaram a rua de bike sem ter a
menor ideia de onde poderia vir um carro.
A parada seguinte conquistou a
Gabriela. Eles foram a uma cervejaria artesanal, orgânica, sustentável e
economicamente solidária chamada Mitchell’s Brewery, com direito a visita pela
pequena fábrica e degustação dos sete tipos de cerveja produzidos no local.
Em Plettenberg Bay foram mais uma vez
surpreendidos pela alta qualidade dos hostels na África do Sul: cozinha super
estruturada, jardim, sala com direito a lareira e limpeza diária dos
dormitórios e banheiros conjuntos.
Com praias bonitas, mas muito
parecidas com as belas praias brasileiras, o casal se encantou mesmo com o
Elvis, funcionário do hostel muito simpático e que falou uma das coisas mais
significativas sobre as mudanças no país pós apartheid: “Na Oxford Street, a
principal avenida de East London, todos os brancos falam xhosa puro”. Demonstrando
o tipo de inversão e mudança de paradigma que isto representa.
O papo os incentivou a aprender
algumas palavras do dialeto cheios de clicks, que são os estalidos que os
xhosas fazem quando falam, porque são consoantes no meio da frase. Esforçados,
né?
A aventura nesse destino ficou por
conta do passeio para avistar as baleias que passam pela região como rota de
imigração no período de inverno. Mesmo com roupas impermeáveis ficaram ensopados,
enfrentaram vento e frio, passaram mal, mas viram as baleias, com direito a
ficarem pertinho de uma mãe e seu filhote.
A chuva não ajudou muito no ponto seguinte da
viagem: o Parque Nacional de Tsitsikama, a Storms River Mouth, mas a viagem até
lá teve história e algumas dicas. “Fomos de Plettemberg Bay para Storms River
Village por uma linha de ônibus local chamada City to City – funciona bem mas
os assentos são muito (muito!) apertados, não dá pra fazer uma viagem maior do
que 2,5hs. A vila mais próxima do parque nacional fica a 14km e tem pouco mais
do que 2 mil habitantes e umas 4 ruas. Se não quiser gastar com restaurantes
(todos caros), leve provisões porque os dois espertões aqui tiveram que ficar
dois dias a base de pão, atum, maionese e Cheerios”, orienta Ivan para quem
quiser visitar a região.
E no fim da estadia no local ficaram
sabendo que Tsitsikama, em Khoi, significa "lugar de água permanente".
Agora é só aguardarmos por mais
notícias e histórias do casal e se deliciar com essa viagem de sonhos, que tem
o apoio da Friends.
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